quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Que seja
Que seja intenso como sol,
e claro como céu e noite estrelada.
Que nos precipícios da vida,
sejam duas mãos firmes.
Que quando meus olhos se assemelharem
a um quadro psicodélico borrado por maquiagem,
esteticamente inaceitável,
eu possa sentir suas mãos em meu rosto.
Que seja real, e mantenha-se límpido.
Que ao tirar-me os pés do chão,
faça-me voar longe, pensar alto e rir sozinha.
Que leve-me de volta aos dez anos de idade,
que pareça-me ter vivido muito mais que vinte e cinco.
Que nada nem ninguém eternize,
que haja respeito em cada deslize,
que não se espere, não se desespere,
Não se remoa, não se remova.
Que não seja preciso falar demais
para se dizer o que ninguém deveria ouvir,
Que seja porto, que seja fuga, ou seja lá o que for,
Que seja confiança.
E que no fim, sempre certo fim,
que não se pareça um pedaço do corpo arrancado.
Que seja leve e possa espalhar-se suavemente no ar,
como as pétalas de um dente de leão,
após o sopro de uma criança.
Amém.
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