quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Reflexão Psicodélica - Aleatórias Sensações






Às vezes, ao abrir esta página, me deparo com expressões que são minhas, mas que não sei interpretar.  Observo que escrevo quando algo não está bem, como se tentasse guardar em mim a fortaleza, e despejar aqui as fraquezas que palpitam e latejam na minha alma. As palavras as vezes me soam repetitivas, embora eu saiba que o que eu sentia não era bem o que escrevi. Existem coisas que se perdem, que ultrapassam limites de compreensão, e acabamos por ver aquilo que queremos para de alguma forma nos abrigarmos em entrelinhas. São sentimentos, situações, ações e reações que brotam com tal firmeza, acontecendo tão rapidamente que pouco consegue-se usufruir destes. A forma como tudo aparece e desaparece na minha vida - em mim - chega a me assustar. Nascem, crescem com intensidade, dançam ao som de um suspiro e estremecem diante de minha visão enquanto minhas pernas parecem perder o foco da sua função de sustentar meu corpo. E o suspiro que eu pensava ser de expectativa deixa um doce e amargo sabor de adeus. Estranhamente, tudo se vai. Não deveríamos nos sentir assim, já que estas são apenas mais algumas sensações, como outras que se foram, e ainda virão... Queremos que tudo seja eterno, mas que seja da mesma forma como foi no momento do auge, do esplendor.


Não entendo esta reencarnação que as pessoas teimam em criar para o que está morto. Sequer posso compreender como são impostos nomes aos sentimentos e sensações. Amor, paixão ou até mesmo... dor.
Somos todos tão diferentes, são tantas as intensidades, as maneiras de sentir, então por que criar paradigmas até mesmo ao abstrato que nos compõe? Por que não vivenciar novas emoções ao invés de nos deitarmos sobre o túmulo, lamentando aquilo que sequer nos faz falta? Qual o nome se dá a essa estranha sensação de querer o impossível, sabendo que se o possuíssemos tentaríamos mudá-lo? Esta dor parece ser necessária à nossa sobrevivência.

Esta semana alguém me disse:
"- A dor é a fraqueza saindo do corpo."

Imediatamente penso em outra, como se estivessem interligadas - ainda que pela dor- de certa forma paradoxalmente:

Essa morte constante das coisas é o que mais dói.
Dói quando não se habitua, dói quando se acomoda a vê-las morrerem e nota-se que isso já não tem mais importância.E talvez, quem sabe? Doeriam também se permanecessem vivas.

E quando não é o corpo que dói?   Talvez tenha o mesmo sentido, ou não.

A questão, é que esta dor leve, que sopra aos meus ouvidos quase imperceptivelmente, traz a sensação de fragilidade, impulsiona a busca por algo intenso, que se relacione à grandeza.  E penso alto por alguns segundos:

- Meu coração está vazio.

Pareço cálida, ácida. E ao mesmo tempo, um sentimento lírico, urgente, reverente à vida.
Sentimento este que não sei nomear.