domingo, 27 de dezembro de 2009


Transbordava em teu olhar um desejo sublime, e embora nada anunciado eterno me comovesse, senti minha alma sintonizar-se à tua, como se momentos não se decaíssem a um fim previsto. Como uma taça de vinho que se trincava, vi a ternura com que a terra sugou o que havia sido derramado. Entre todos os sentimentos que se exibiam para serem escolhidos nos seus olhos, optei pela beleza de tudo o que havia de mais puro, e vi o quão humana pode ser uma espécie teoricamente racional. Senti seus sorrisos palpitando em meus pulsos, teus passos deslizando em direção à aceleração de um coração que mal podia esperar.

Contudo, não pude, no fim esconder minha alegria ao observar a fertilidade de minha imaginação. Dei-te flores, e ao enterrá-las sob o lodo, deduzi que estaria a fixar suas raízes no chão. E tudo que vi, a verdadeira face da transparência, não passava de um espelho que colocaste diante de mim, enquanto gargalhavas com toda tua pequenez, por detrás dos reflexos que eu via.

Oh, rei,te esqueceste, podes ser pequeno aos olhos de alguém sem que estejas no alto do firmamento. Na altura em que alcancei,o vi pequeno,e teus detalhes se esconderam.
Foi mesmo quando a queda determinou-me a aproximar-me de ti que pude vê-lo em teu tamanho real. Sim, eras realmente um grande homem. Talvez alguma inteligência pudesse se esconder sob aquele talento nato que pude ver neste momento... O talento de refletir alguma verdade no que por debaixo de sua mediocridade ,era, na realidade, falso.

Ainda assim, pude me orgulhar. E encontrei felicidade ao relembrar quantas cores pude refletir ao deparar-me ao negro veneno que havia em tua alma.

2 comentários:

  1. Levei um certo tempo para decidir se comentava ou não. O texto é de magia tão sublime, uma transição nostalgica-futurista...


    Perfeito Marry!!!!

    Perfeitooooooo



    *______*



    te adoro
    ^^

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  2. Uau! Tive que ler duas vezes... seria esse um desabafo de um desamor?
    Ou talvez tenha sido uma leve impressão, não sei.

    Liguagem perfeita, Marry ;-)
    Usou a terceira pessoa magistralmente!
    Bjs, Robson.

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